quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um breve panorama da corrupção estatal

O advogado de Rod Blagojevich pediu aos jurados, na semana passada, que inocentassem seu cliente das acusações de corrupção, em parte porque o extrovertido ex-governador de Illinois seria estúpido demais para pôr em prática os esquemas criminosos dos quais está sendo acusado.

"Não se pode dizer que ele seja uma das pessoas mais espertas", afirmou aos jurados o advogado Sam Adam Jr. Esta é uma forma inovadora de defesa, embora não totalmente sem precedentes.
A corrupção no funcionalismo público é um assunto muito divulgado ultimamente - como o próximo processo de ética da Câmara contra o deputado democrata Charles B. Rangel, de Nova York, e a acusação formal de quebra de ética contra a deputada democrata Maxine Waters, da Califórnia. Portanto, será interessante analisar o caso de alguns políticos que aparentemente tiveram sucesso com seu comportamento ilegal, e outros que chegaram bem próximos disso.
O simpático secretário de Estado de Illinois, Paul Powell, não estava sendo suspeito de crime algum quando morreu em um quarto de hotel, em 1970. Ao investigarem as circunstâncias de sua morte, os agentes federais descobriram dinheiro em toda parte, nos lugares frequentados por Powell: centenas e milhares de dólares em caixas de sapatos, sacolas de boliche e no cofre do seu escritório. Acredita-se que o político recebia comissões até de empregados - entre elas, US$ 200 mil em moedas.
"Todos os dias ou todas as semanas, ele costumava descer até o subsolo do Capitólio e confiscar montes de moedas das máquinas de comida", disse Kim Long, autor de The Almanac of Political Corruption, Scandals and Dirty Practises (O almanaque da corrupção, dos escândalos e das práticas sujas na política). William Hale Thompson foi prefeito de Chicago de 1915 a 1931, uma era marcada por Al Capone e pela Lei Seca. Filho de pais ricos, ele morreu em 1944, deixando um patrimônio avaliado por seu advogado em US$ 150 mil. Mas quando agentes do Estado abriram duas caixas de depósito nos cofres de um banco em seu nome encontraram US$ 1,5 milhão em dinheiro, o equivalente a aproximadamente US$ 18,6 milhões hoje.
Evidentemente, nenhum panorama da corrupção pública seria completo sem uma breve escala em New Jersey. Harold G. Hoffman, ex-governador de New Jersey que morreu em 1954, teve uma carreira em grande parte impoluta na política. Mas, aparentemente, mergulhou no crime perto do fim.
Hoffman deixou à filha uma carta, para ser aberta depois da sua morte, na qual revelou com detalhes uma vida de corrupção, como a apropriação indébita de US$ 50 mil por mês quando era inspetor do Departamento de Veículos, e US$ 300 mil de um banco. Ele afirmou que sempre alimentara a esperança de devolver o dinheiro e pediu à filha: "Faça o que você sabe que deve ser feito."

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