quarta-feira, 15 de junho de 2011

Conselho de Ética aprova recomendação de cassação de Jaqueline Roriz


Comissão de Ética da Câmara reunida para analisar pedido de cassação da deputada Jaquelina Roriz em foto de André Coelho BRASÍLIA - O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou por 11 votos a 3 a recomendação do relator Carlos Sampaio (PSDB-SP) para que seja cassado o mandato da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF). A decisão ainda precisa ser aprovada pela maioria dos deputados no plenário da Câmara, em votação secreta.
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Os advogados da deputada disseram que vão recorrer ao plenário da Câmara e à Justiça para impedir a cassação. Os deputados Wladmir Costa (PMDB-PA) e Mauro Lopes (PMDB-MG) também disseram que vão recorrer por não terem tido direito de vista do processo, mas o presidente da Comissão, José Carlos Araújo (PDT-BA) não permitiu, sob o argumento de que o pedido foi feito fora do prazo regimental.
A questão provocou um debate acirrado na comissão, mas Araújo manteve a decisão de votar e colheu os votos. A briga regimental teve como pano de fundo a preocupação de muitos deputados com a abertura de precedente de julgar deputados por fatos e denúncias do passado.
- Isso abre um precendente perigoso. Daqui para frente, qualquer um poderá ser cassado por crime que cometeu antes de assumir (o mandato) - afirmou Mauro Lopes.
Além dos dois peemedebistas, o terceiro voto contra Sampaio foi do deputado Vilson Covatti (PP-RS).
A expectativa do líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), partido que entrou com a representação contra Jaqueline, era a de uma votação mais apertada. Para ele, a contundência do voto de quase três horas relator Sampaio e a decisão de votar, conjuntamente a legitimidade do Conselho para julgar parlamentares por atos cometidos antes do mandato e o denúncia contra a deputada, ajudaram na aprovação.
- Criou-se um clima psico-político e deu-se um resultado supreendente. Até deputados que anunciavam a intenção de votar contra o relator, mudaram o voto - disse Chico Alencar.
O deputado Abelardo Camarinho (PSB-SP) foi um dos que se posicionou abertamente contra a legitimidade do Conselho para julgar fatos passados, mas votou a favor da cassação do mandato da deputada.
No relatório, Sampaio argumentou que Jaqueline recebeu recursos ilícitos e tinha conhecimento de que eram recursos ilícitos, obtidos por Durval Barbosa junto a empresas que tinham negócios com o governo do DF.
Antes de anunciar o voto a favor da cassação, o relator defendeu a legitimidade do Conselho de Ética para julgar Jaqueline Roriz, apesar de o fato do qual ela é acusada ter ocorrido em 2006. Segundo Sampaio, o fato só veio à tona em março deste ano, quando a deputada já estava no exercício deste mandato. Ele enfatizou que o ato atentatório ao decoro provocou repercussão negativa na imagem do Parlamento nesta legislatura. A defesa de Jaqueline Roriz sustentou que o Conselho não tem legitimidade para julgar o caso, ocorrido antes de a deputada assumir o atual mandato.

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